PERFIL PEDAGÓGICO
Iniciei minha jornada no campo pedagógico como professora de DESENHO.
Como já tinha um repertório e, pelo dom que possuía, aos 14 anos fui fazer laboratório na ESCOLINHA DO BOSQUE em Ribeirão Preto.
Mais tarde, ao sair do curso científico, o objetivo de meu pai era queeu fizesse odontologia, mas… mudei meu rumo. Meu professor JORGE ESPIRÓPOLUS, professor de geometria descritiva, vendo a minha tendência disse: “Está abrindo um CURSO DE ARTES PLÁSTICAS; os professores são ótimos: o milanês BASSANO VACARINI, FRANCISCO AMÊNDOLA, JOSÉ BENTO FARIA FERRÁS E MANUEL CARLOS GOMES DE SOUTELO. Vá, vá cursá-lo…”
Fui…
Leia mais...
O convívio ali era ótimo. Trabalhei até com cinema e lá, em sua GALERIA, fiz a minha primeira exposição.
A escola foi-se atualizando, momento esse que vieram professores de São Paulo.
– Os professores de HISTÓRIA DA ARTE: PEDRO MANUEL GISMONDI, WESLEY DUKE LEE, FAJARDO, BARAVELLI e MÁRIO REGINATO.
O curso que fiz com eles fou COMUNICAÇÃO VISUAL e DECORAÇÃO DE INTERIORES.
Após estes cursos, convidaram-me para nele lecionar, pois eu já lecionava DESENHO ARTÍSTICO no CURSO DE ARTES PLÁSTICAS.
Nossa escola, por falta de recurso, foi vendida para a UNAERP – UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO. Portanto, o nosso diretor PEDRO MANOEL GISMONDI disse que, para eu fazer agora, parte do corpo docente, deveria fazer um estágio no atelier de WESLEY DUKE LEE, em São Paulo.
Um novo mundo se descortinou diante de mim. Com ele fui conhecer o MASP, MAC e muitas galerias de arte e, inclusive, diversas livrarias especializadas.
Paralelamente à Universidade, eu já lecionava no ginásio, colegial e curso normal; neste último desenho pedagógico, que para tal curso, fiz um concurso de desenho pedagógico em São Paulo. Para oficializar-me nos primeiro e segundo graus tive que cursar também, em Ribeirão Preto, a CADES, que era uma “Campanha de Divulgação do Ensino” do MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC. Estes foram os concursos que fiz, não só para tornar-me oficializada no estado, como também melhorar minha qualidade de ensino.
Com este mesmo objetivo, fui fazer, na ESCOLA INDUSTRIAL, um curso de 2 anos de DESENHO DE PLANTA E CONSTRUÇÃO com o arquiteto Dr.Soutelo.
Mais tarde, lecionando ainda na UNAERP, tive a oportunidade de fazer algumas especializações: uma na área pedagógica, com o Professor IMÍDEO NÉRICI, autor de várias publicações sobre técnicas de ensino.O outro curso, de “DESENHO MECÂNICO” com um professor que vinha da MACKENZIE de São Paulo. Os referidos cursos eram do DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO. Neste Departamento tive a oportunidade de lecionar depois de cursar na área de TEATRO, em Ouro Preto, o Festival de Inverno “CENOGRAFIA E INDUMENTÁRIA”, passando-me este curso ricas experiências na área e chegando a participar com destaque, de uma coletiva na CASA DOS CONTOS, naquela belíssima cidade mineira.
Na UNAERP, onde construí um bom repertório – cursando lá ainda “PEDAGOGIA” e “EDUCAÇÃO ARTÍSTICA”, conquistei o registro do MEC, com a disciplina “ANÁLISE E EXERCÍCIO DOS MATERIAIS EXPRESSIVOS”. Como já trabalhava no ensino superior, pensei: – “devo começar a cursar uma pós-graduação para a obtenção de uma titulação adequada”. Na época não existia isso na área de artes. Foi quando comecei a acumular créditos específicos, começando pela USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, para onde viajava todo final de semana. O Curso era de “COMUNICAÇÃO VISUAL EM ARQUITETURA”, onde adquiri os primeiros conhecimentos de Semiótica. O professor, Luiz Gastão de Castro Lima, vinha de uma defesa de tese na SORBONNE, em PARIS, sob a orientação de ROLAND BARTES.
Ainda em Ribeirão Preto, na UNAERP nos reunimos, os 4 professores de artes: LEONELO BERTO, que era da região da TOSCANA,BASSANO VACCARINO, também italiano, AMÊNDOLA e eu – com currículos, fotos de nossas obras num portfólio. Submetemo-nos a uma análisedo Crítico de Arte PEDRO MANUEL GISMONDI. E, para MILÃO – ITÁLIA, partimos.
A exposição era na “GALERIA DO CONSOLATO ITALO-BRASILIANO”.
O Cônsul gostou muito do material que havíamos enviado, tanto que lá, após a Mostra, ainda ganhei 2 prêmios, entrando em 2 Salões Oficiais.
VACCARINI e eu, como éramos professores doEstado, conseguimos uma licença por conta de um estágio na ACADEMIA DE BRERA (GALERIA EM MILÃO). Nesta ocasião já sonhava mais alto.
Sabendo, através do Maestro BENITO JUAREZ, da formação do INSTITUTO DE ARTES – UNICAMP – Campinas, enviei meu curriculo e um projeto para o Prof. ROGÉRIO CERQUEIRA LEITE, seu fundador, e assim fui admitida.
O Reitor na época era o Prof. ZEFERINO VAZ.
Iniciei no I.A. ministrando vários cursos de extensão – GRAVURA E ARTES – onde meus alunos ali tiveram muita projeção. (depoimentos anexos).
Fiz parte, portanto,da fundação do INSTITTUO DE ARTES DA UNICAMP, com professores das áreas de música, teatro, dança e multimeios.
Ao serem instalados seus cursos, passei a lecionar HISTÓRIA DA ARTE (EVOLUÇÃO DAS ARTES VISIAIS).
Com a vinda do professor BERNARDO CARO e outros professores, fundamos o DAP – DEPARTAMENTO DE ARTES PLÁSTICAS,e a criação de seus respectivos cursos – “EDUCAÇÃO ARTÍSTICA COM HABILITAÇÃO EM ARTESPLÁSTICAS”.
Trabalhando com BERNARDO CARO como Chefe de Departamento, fui indicada por ele para o cargo de Coordenadora do DAP.
BERNARDO, passando para a Diretoria doINSTITUTO DE ARTES, me nomeou para a chefia do DAP.
Foi naquela ocasião que, com o Diretor e os demais Chefes dos Departamentos do I.A., criamos a PÓS-GRADUAÇÃO em ARTES.
Eu já havia acumulado todos os créditos de Pós-Graduação e com exposições em salões oficiais, no Brasile no exterior, já havia defendido a tese de DOUTORADO EM ARTES.
Com a orientação do Prof. Dr. JOAQUIM BRASIL FONTES JR.,a tese constou de uma exposição com 25 obras, demonstrando ali o meu estilo de arte e com o título de “ENTRANHAS DA VIDA VEGETAL” e uma instalação também com o título de “MONALISA ÀLUZ DAS SOMBRAS”, que junto acompanhava texto que contemplava um estudo sobre ” A OBRA DE ARTE NA ERA DA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA”, do filósofo WALTER BENJAMIN. Eu discutia ali a perpetuação da aura, na obra “MONALISA” de Leonardo da Vinci.
Com meu trabalho na UNICAMP, de ensino e pesquisa, para mim as pesquisas relevantes foram:
– Publicação do livro “TESTEMUNHOS DO PASSADO CAMPINEIRO”, com introdução do jornalista BENEDITO BARBOSA PUPO.
Constam deste livro 183 desenhos a bico de pena sobre papel Canson.
Casas, casarões, fazendas etc…, são dos fins doi século XIX e início do século XX.
Fiz doação de seus desenhos originais para o CENTRO DE MEMÓRIA DA UNICAMP.
A segunda pesquisa corresponde ao projeto “MATER”, que resultou na construção de 7 murais em relevo no HOSPITAL DA MULHER, a convite de seu fundador, Reitor Prof. JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI.
E, finalmente, 3 palestras realizadas em MONTEVIDÉU – URUGUAI. Convite de LA UNIVERSIDAD DE LA REPUBLICA – DIRECIÓN GENERAL DE EXTENSION UNIVERSITARIA no “INSTITUTO DE CULTURA URUGUAYO BRASILEÑO – ICUB”.
As palestras referem-se às pesquisas realizadas na área de COMPOSIÇÃO E EXPRESSÃO GRÁFICA onde componho um livro – não publicado: “UM OLHAR, MÉTODOLÓGICO SOBRE O ENSINO DE INICIAÇÃO ÀS ARTES PLÁSTICAS”.
Aposentada atualmente, dedico-me às minhas obras de arte em meu atelier, onde resido, participando de algumas exposições em Campinas e região. E, também, realizo um trabalholecionando para crianças no INSTITUTO POPULAR HUMBERTO DE CAMPOS – CEAC, com apoio da FEAC.
DESTAQUES
Texto de Renato Andrade,
Publicado no livro
‘‘Meu inesquecível Professor’’
Texto de uma crítica por mim realizada a pedido da ex-aluna Malu Mantuan
para – Curso de Extensão – Sua mostra em Milão na Itália – 2006
Depoimento de Tina Gonçalez
Ex-Aluna do ‘‘Curso de extensão’’ – UNICAMP
Estágio na ACADEMIA de BRERA – Milão, Itália.
Publicação no Diário Oficial 19-09-1974
Ciclo de Conferência na Universidad de La República Em Montevidéu – Uruguay
Direccion General de Extension Universitária
Homenagem da FEAC para Fúlvia Gonçalves
(Por Ingrid Vogl)
Quem visita ou frequenta o Instituto Popular Humberto de Campos (IPHC), unidade do Centro Espírita Allan Kardec, pode conferir em seus diversos ambientes, como corredores e salas, paredes repletas de obras de arte. São desenhos criados por meio de diversas técnicas, como pintura, grafismo e digital. Tudo muito colorido e com um senso estético que chama a atenção pelo traço livre, beleza e por expressar emoções.
As obras são todas feitas pelas crianças e adolescentes atendidos pelo Instituto e participantes da oficina Iniciação às artes plásticas, que acontece às terças-feiras, das 13h às 15h. O que mais impressiona ao entrar na sala onde acontece a oficina é ver as crianças compenetradas desenhando traços livres, cheios de intensidade, emoção, cor e luz.
Ali, a regra é clara: o traço é livre, sem lápis, borracha, sem erros, sem censura. A metodologia usada valoriza e incentiva o esforço, a dedicação e o resultado do trabalho das crianças. Isso as inspira e motiva a aprender cada vez mais. E o resultado, são desenhos impressionantes.
Com artes plásticas, crianças aprendem a ter liberdade de expressão e senso de estética.
Todo esse trabalho é comandado por Fúlvia Gonçalves, renomada artista plástica que há 29 anos desenvolve trabalho voluntário em instituições sociais de Campinas, 25 deles em unidades ligadas ao Centro Espírita Allan Kardec. Didática e sempre acompanhando de perto e com entusiasmo a produção das crianças, Fúlvia orienta os alunos que, interessados e compenetrados, seguem à risca as dicas da mentora artística.
Kailane Vitoria Alves, 10 anos, é uma de suas pupilas. Focada em seu trabalho, pinta com precisão o desenho que foi dado como tarefa naquele dia: um autorretrato da mãe. “A gente começou a oficina com a Fúlvia há dois meses, e eu adoro. Antes, não desenhava bem, meu traço era feio. Mas agora, eu gosto do que faço”, afirmou a menina. Para Kailane, seguir as dicas de Fúlvia, de como fazer os traços, o jeito de pintar sempre com muito colorido e expressando suas emoções, foram essenciais para sua evolução artística.
“Me sinto alegre quando estou desenhando”, disse.
Algumas carteiras mais à frente, Lorena Moraes Lacerda, 10 anos, expressava satisfação enquanto finalizava o retrato de sua mãe, expressiva e colorida. “Eu desenhava um pouco com meu pai, mas nunca tive muito interesse. Quando comecei a fazer aula com a Fúlvia, descobri como era legal, porque ela já me ensinou muitas coisas sobre o desenho, sobre como devo colorir bastante e deixá-lo expressivo e como usar técnicas como composição. Desenhando, me sinto bem e sinto que estou fazendo e aprendendo coisas novas. Quero aproveitar todos os ensinamentos da Fúlvia, que desenha e ensina muito bem, e aprender um pouco de todas as técnicas, para melhorar meu traço e saber mais sobre a arte”, afirmou.
Metodologia
Toda essa desenvoltura com os desenhos conquistada em tão pouco tempo pelas crianças é resultado de uma metodologia criada por Fúlvia ao longo de quase três décadas de suas experiências profissionais, acadêmicas e ensinando crianças sobre artes visuais.
Esse conhecimento foi reunido em um livro, que traz todas as etapas do que será ensinado às crianças ao longo de um ano de oficina, que é o tempo que cada turma passa com Fúlvia. “Logo que comecei a compartilhar meus conhecimentos com as crianças, comecei a fazer um estudo e estabeleci um repertório propício para essa faixa de idade, entre 9 e 10 anos, quando elas são muito criativas. Então preparei um caderno com um programa de conteúdo para o ano todo, de onde tenho uma base para organizar cada dia da oficina. Esse material poderia ser um mestrado, ou até mesmo uma publicação para ser distribuída a professores de educação artística”, opinou.
Nesse rico material, a oficina perpassa por conteúdos que vão desde desenhos simples, que começam a ser feitos com caneta esferográfica, passando por giz, pintura, colagem. Os registros são os mais variados e começam pelo autorretrato, memórias familiares, da cidade e chegam até a releituras de artistas de Campinas.
Nesse ponto, Fúlvia faz questão de ensinar um pouco sobre a história da arte na cidade, e para isso, costuma levar renomados artistas plásticos locais para que as crianças os conheçam. O mais recente foi Francisco Biojone, um dos membros do grupo Vanguarda, formado por 11 artistas plásticos de Campinas, que no final dos anos 50 lançou um manifesto para transgredir os padrões pré-estabelecidos da época e revolucionou as artes visuais no município renovando e trazendo modernidade às artes. Biojone era o último membro do grupo e morreu em março deste ano. Bernardo Caro, Vera Ferro e Lilia Parada, sobrinha de Thomas Perina e que empresta o nome ao Instituto criado em sua homenagem, também já bateram bons papos com as crianças que frequentam a oficina.
“A ideia é que elas conheçam um pouco mais da história das artes em Campinas pelos próprios artistas que fazem parte dessa trajetória. Essa ação também resulta em uma releitura que eles fazem a partir de uma obra escolhida do artista apresentado”, explicou Fúlvia. Depois da releitura feita, as obras são expostas em galerias criadas nos corredores de outros ambientes do IPHC, para que todos possam contemplá-las. “Expondo, eles podem ter a sensação e responsabilidade de que o trabalho tem que ser bem feito, com senso estético”, justificou a mestre. E os pequenos aspirantes a artistas levam isso tão a sério que já tiveram seus trabalhos expostos no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC). Isso aconteceu em 2017, na ocasião em que houve uma comemoração das obras de Thomaz Perina.
Impacto Artístico e Social
Para Fúlvia, o mais importante é que as crianças aprendam a expressar ideias e emoções por meio de seus traços. “A evolução deles é muito grande e em pouco tempo, elas têm desenvoltura para pintar, desenhar e isso as ajuda a se desenvolver como ser humano e se expressar com liberdade. Cada um tem seu estilo, seu traço único e puro, e isso é riquíssimo e deve ser incentivado em cada criança. A satisfação em aprender e conseguir desenhar bela e livremente é gratificante, meu melhor retorno”, disse com um largo sorriso a simpática e empolgada artista plástica, que sempre, estimula e valoriza a evolução de seus pupilos.
E a artista plástica tem razão. Para Alessandra Fiorini, assessora técnica do Departamento de Educação da Fundação FEAC e técnica de referência para o IPHC, um dos maiores educadores do nosso tempo, Sir Ken Robinson, tem chamado a atenção do mundo sobre a visão que temos da inteligência. “Basicamente, ele diz que nós pensamos o mundo de todas as formas que o vivenciamos: visualmente, auditivamente, sinestesicamente. Então, proporcionar às crianças experiências tão amplas por meio das artes é algo que alimenta a capacidade humana – o que é maior e mais rico do que a inteligência”, avaliou.
Assim, a artista plástica que diz ter começado a carreira aos quatro anos de idade desenhando na calçada de casa com carvão que era usado pela mãe para cozinhar e tinha como expectadores de suas obras padres, freiras e fieis que passavam a caminho da igreja que ficava próxima, vai compartilhando suas vivências e incentivando as crianças a terem gosto elo mundo das artes, assim como seus pais sempre a estimularam a seguir a carreira. “Que a arte as inspirem para a vida”, é o que deseja.
Primeira Infância em Foco.
O IPHC é uma das entidades que recebe Apoio Institucional da Fundação FEAC através do Programa Primeira Infância em Foco, iniciativa que investe em esforços para promover o desenvolvimento da primeira infância com objetivo de assegurar que todas as crianças tenham desenvolvimento adequado à sua faixa etária.
A instituição, além de oferecer Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, com recursos próprios promove atividades como a oficina Iniciação às artes plásticas.
Laura Beatriz, uma das funcionárias e lutadoras da FEAC, diz que os desenhos que as crianças faziam no momento das fotos da Ingrid, eram retratos de memória de suas Mães, presente portanto que elas iam oferecer em seu Dia das Mães.