Exposição no Instituto Thomaz Perina
Joaquim Brasil Fontes Jr. Fala sobre a Exposição no Instituto Thomaz Perina
Vendo essa nova Exposição de Fúlvia Gonçalves, confirmo o que sempre pensei sobre ela: Fúlvia é uma das nossas maiores artistas plásticas.
Nesta exposição, sinto a presença dos seus temas de sempre, porém graficamente renovados e movidos por dois princípios que regem, mais do que a pintura, a poética de Fúlvia Gonçalves, e que são, de um lado, uma espécie de clausura, de imanência, o fechamento do sujeito num universo que parece não ter saída, e, de outro, paradoxalmente, uma abertura para o mundo, para o outro, uma transcendência que se impõe a todo instante.
Esses princípios não se contradizem, mas também não constituem uma dialética: estão aqui juntos, nesta exposição cujo centro de gravidade é a natureza.
Não, contudo, a natureza como algo exterior ao sujeito, aquela natureza que os latinos e o Ocidente chamavam de Natura e viam, por assim dizer, “de fora”.
A natureza, aqui, e em toda a obra imagética de Fúlvia Gonçalves, tem que ser vista segundo o conceito grego de Physis, que contém os significados de “brotar, emergir, vir a ser, tornar-se”.
Fazendo-se, a Physis arrasta consigo o sujeito, que é o artista e aquele que contempla a obra.
Chamo a atenção para duas grandes telas que aparecem nesta exposição: é nelas que, de modo impressionante, a Physis se revela com uma potência devastadora, mas ameaçada no seu desabrochar.
Eis o que, aos meus olhos, dá a este momento de pintura mágica em sua perfeição, um caráter trágico, ameaçador.
Vídeos sobre a exposição: